
cipriano brandão (gamelas)
o meu amigo cipriano

homem do mar e da ria, uma voz a ouvir
(torreira; porto de abrigo)

cipriano brandão (gamelas)
o meu amigo cipriano

homem do mar e da ria, uma voz a ouvir
(torreira; porto de abrigo)
cheio só de mim

um a um os “andares” vão entrando na bateira
braço a braço
os dias
por entre os dedos
foram
olhos por dentro
dos olhos
estas memórias
queria a rede cheia
que de sonhos fora
para um dia te legar
mas nem isso
vou-me como vim
nu de tudo
cheio só de mim

nem sempre a rede salva o salvador, é assim a vida de pescador
(torreira; alar da solheira; 2010)
regressarão

depois do alar da solheira regressa-se, no balde o pescado (2010)
come-se à mesa
o que da ria
horas porfiadas
marés redes
conta-se o tempo
o ganho parco
no fundo do balde
parte-se porque
é fraco o ganho
para tanto
para tão pouco
vão-se os homens
e são senhores do mar
escravos da ria
terra sua de ser água
até quando pergunto
e só o silêncio
onde vozes por vezes
jamais o gesto
regressarão

a olhar o balde, o salvador faz as contas, e é tão pouco (2010)
(torreira; solheira; 2010)