crónicas da xávega (608)


este é o meu tempo
o meu mundo é aqui
se quero ser é aqui e agora

recuso-me a ficar sentado
à soleira da porta a falar
com as árvores e as flores
ou contigo amor que invento
costas viradas ao coração da casa
não ouvindo não vendo
a desumanidade dentro dela

é aqui e agora
com as parcas armas que tenho
palavras palavras tão pobres
mas que mordem ferem cortam
denunciam

é aqui e agora
ou amanhã não sei onde
terei vergonha de não ter sido

por isso escrevo
porque a realidade ultrapassa
é o genocídio em gaza

(xávega; dar o porfio; torreira; 2011)