Mês: Janeiro 2011
eugénio de andrade_rosa
de milfontes
aqui há uma luminosidade mais viva
é como se a luz viesse de dentro das coisas
e poisasse suavemente nos dedos
numa carícia de algar e anémonas
aqui as palavras crescem pelo corpo
depois de nascerem junto à terra
aqui eu sei de um recanto perto do sol
onde ainda é possível sonhar
e as manhãs
as infinitas e angustiantes manhãs urbanas
têm cheiro a pão alvo e trigo maduro
aqui as palavras correm como o mira
que diz a canção vai cheio
e tu
tu aqui
estás ainda da outra banda
karin kiwus_quando agora te digo
falecido ti alfedo neto
ti alfredo neto; anos 90
adormeço
no embalo do tinto
aquecido ao rubro do mar
feito desta massa de mar e areia
onde as ondas quebram o sonho
de partir
para voltar
e não precisar de ir
por mais que olhe o horizonte
nada mais vejo que o meu rosto
preso nas redes
agarrado aos remos
a largar a corda
o meu presente
será o meu futuro
o passado neles reflectido
ti alfredo neto; anos 90
ahcravo_as mãos e os nós
a cacilda
a cacilda
da família dos brandões, filha do ti chico brandão e irmã de homens de mar e da ria, conheço-a há muitos anos.
sempre bem disposta, sempre pronta para os trabalhos mais duros, faz de todo e qualquer trabalho que um homem de terra faça, com uma vantagem: tem sempre um sorriso no rosto.
se o sorriso e a boa disposição fossem peixe, em qualquer companha que a cacilda trabalhasse o saco vinha sempre cheio
(torreira- companha do marco_2010)
ana amaral; 2010



