construo meticulosamente
o silêncio
formiga dos dias
carreio palavras
curvados os ombros de ser
peso
do senti-las assim
tão minhas, tão eu
navego em sensações
procuro não naufragar
de tanto
agarro-me a mim
sou-me cada vez mais
não me perguntes se
o sol se põe
se nasce
ou se é apenas a lua
é
fui eu que o fiz assim
na construção
do silêncio
as palavras
volvem-se em sons
ininteligíveis
também o sol
(buarcos)