escrevo
sem saber
para quem
olho
sem saber
para o quê
vou
sem saber
para onde
chego
sem saber
se partir é
lentos
corpos cansados caminham
em estranha procissão
que a areia acaricia
até ao estender do saco
a faina não termina
longo foi o dia
rude o mar
que homens são estes
coração de ave marinha
mãos de dar
mais que receber?
imensos
deixam na areia
a ternura
de mais um dia de mar
(torreira; companha do murta)