o sol nas mãos

 

com o sol nas mãos
vou
desvairado
em busca do amanhecer

acordo as noites

as mãos
poisadas no corpo
fremente
atordoam-no

acordo as noites

sonho muito
sonho tudo
e não sou
nada

com o sol nas mãos
vou

o caminho das ondas


maria de fátima
 
curva-se o mar
à bravura dos homens
quebram-se sobre
o barco as ondas
e passam
 
seguem os homens
o seu destino
indiferentes
sabem que ainda não
 
um dia
cheios de tanto terem sido
será o último
ficará o vazio de não ser
alojado no não ir
 
o homem é
onde o mar também
 
(torreira; companha do marco; 2010)

xávega_do largar (I)


olá sampaio com o arrais zé murta na ré
 
neste registo estão perfeitamente visíveis os três “fixes” que seguram o barco de mar na preparação para o largar:
 
– a regeira: amarrada ao golfião de estibordo da bica da proa
– a muleta apoiada na peça metálica fixa no exterior da bica da ré
– o reçoeiro, enrolado na bica da ré e que o arrais vai soltando ou apertando consoante a intenção.
 
note-se que ambas as cordas estão direccionadas para norte, de onde vêm as correntes dominantes, por forma a manter o barco perpendicular à costa e às vagas. caso o barco se atravessasse poderia virar de bordo, o que é um dos acidentes mais frequentes.
 
(torreira; companha do murta; 2006)