Mês: Dezembro 2012
seremos povo?
somaram-se
os dias
na safra do pão
foi-se
na conta o ano
amigos
chegaram e partiram
alegrias tristezas
perdas e ganhos
como se na china
de um animal
o ano
coelho
como se na china
o ano se fez
do salário
cada vez menos
gasparado que foi
no desgoverno
portugal
quem são?
este país
quem é?
passo a passo
passos
só tem um destino
saberemos dar-lho
ou não seremos
povo?
escrever-te
tempo de memória
aqui sentei outrora sonhos
rasguei outras folhas com outra raiva
a memória enche este espaço
na ria os olhos gastam-se
iniciando uma viagem impossível
onde a saudade não tem lugar
o que fui
o seu tempo teve
o que sou
o mistério de estar de novo aqui
entrego ao sol
para que arda e morra e arda sempre
a laura e ele
a laura e ele
os dois
são muitos
ainda
não digo
burros
dos que com
ele
sagradas vacas
estarão
comendo o pasto
por ele semeado
reis
que não os magos
enchem a barriga
não digo
inocentes
dos que com
ele
interrogo-me
porquê
mas sei
que sabem
o que querem
não sabendo o como
a laura e ele
isso sei
festejaram o natal
num manjar de laranjas
será que todos
os que com ele
também?
perdoai-lhes senhor
que o tempo não
da raiva
talhar a pedra
erguer a casa
afeiçoar-se
das pequenas
coisas dentro
ser a casa
o mundo onde
acolher-se
dos agrestes dias
chuva, vento, frio
pedras outras
lugar onde
famílias, amigos
abraços
estar e ser
que fazer sem ela?
pedra a pedra
de novo
agora não a casa
o arremesso da raiva
aos senhores
da terra
onde erguida
e perdida
foi
assim
hoje, aqui
urge








