limito-me a ser


 

não te peço que entendas

sequer que gostes

daquilo que escrevo

 

como

se nem eu

por vezes?

 

sinto apenas

por isso escrevo

tenho de escrever

porquê?

porque tenho

 

não me questiones

sente apenas

ou não sintas

que sei eu de ti?

 

as palavras existem

para além de mim

sou nelas

um outro e o mesmo

 

não peço que me entendam

não peço nada

limito-me a ser

recriação da xávega, espinho 2013


os fotógrafos, horácio graça e manuel oliveira

os fotógrafos, horácio graça e manuel oliveira

quando se fala em recriação da xávega o imaginário enche-se sempre com imagens das juntas de bois que, não muitos anos, puxavam bois e barcos.

foi essa aproximação ao passado que se renovou no dia de s. pedro em espinho.

muitos foram os amantes da fotografia que vieram registar a recriação que, por mais defeitos de aproximação que possa ter, é sempre um momento de forte emoção.

 

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a minha gente


 

vêm de longe
de onde a fronteira entre luz
e sombra
era ainda o princípio de tudo
de ti de mim de nós
como se parados no tempo
são o próprio tempo
esperando ser mais tempo ainda

vê-los é entrar em casa
sem nunca ter saído
as manhãs são aqui infinitas
têm a dimensão da memória
aconchegada no regaço
da mãe-terra

vêm de longe
permanecerão para sempre
são a minha gente

 

para ver:

 

 

parceria jorge bacelar (vídeo e fotos)/ahcravo (palavras)

é irrevogável


nevoeiro ....

nevoeiro ….

 

 

é irrevogável

 

cristo desceu mesmo à terra

 

 

 

os vendilhões do templo

 

reunidos em plenário

 

depois de concluírem que nada

 

mais tinham para vender

 

decidiram

 

venderem-se a si próprios

 

e aos seus

 

(que não são deles mas como tal foram tratados)

 

 

 

é irrevogável

 

cristo desceu à terra

 

pelo menos a esta

 

onde tudo é possível

 

mesmo o inimaginável

 

 

 

em verdade vos digo

 

que a mesma anda por aí perdida