do outro lado da rua


 

coimbra, r. visconde da luz

coimbra, r. visconde da luz

 

do outro lado da rua

tem havido sempre um outro lado da rua

o sol ilumina as casas

aquece-as

as mãos buscam-no

quase o agarram

de tão próximas

 

do outro lado de muito mais ruas

sombrios os becos

onde se morde a fome

nas sobras de ontem

de outrem

frio medo revolta

medo revolta frio

revolta frio medo

por dentro

 

há sol do outro lado da rua

roubaram-no