eu digo “ladrões!”


marco silva, albina e trovão

marco silva, albina e trovão

repararam as redes

aparelharam o barco

estudaram o mar

fizeram-se a ele

venceram-no de novo

lançaram a rede

regressaram a terra

arribaram e ganharam de novo ao mar

alaram o aparelho

suaram muito

foram todos e todos forma um

o saco trouxe peixe

ajoelharam-se

curvaram-se

suaram de novo

reaprenderam a contar

mediram escolheram

separaram sonharam

partem agora

para novo desafio

o dos homens

o do preço

da lota

ganham-lhes menos vezes

que às força indómitas do mar

chamam-lhe mercado

eu digo “ladrões!”

(torreira; companha do marco; 2010)