o medo
queria-o de contornos
bem definidos
reconhecível
não assim
pressentido em cada frase
nos semblantes
na dúvida inserta a tudo
no tempo e nos modos
nos dias de cada um
amanhã
começará abril
o iluminado mês em que cravos
por armas se trocaram
amanhã
queria oferecer-te um país
colado no rosto de um povo
que tivesse nomes de gente desta terra
e não palavras estranhas
orçamentadas e frias
por habitantes
não tenho medo do medo
que dele conheci as manhas
tenho medo que tu o tenhas
e à sua sombra vivas
só por medo do medo
não te roubaram o sol
mas
terás de lutar por ele
de novo