
agostinho tabalhito (canhoto) e o arrais marco silva
porque fotos como esta podem suscitar algumas dúvidas, que fique bem claro que “as malhagens da xávega são as constantes do diploma que a regulamenta”, por isso o tamanho do pescado não é resultado de qualquer ilegalidade.
porque se aproxima nova safra é importante meditar e repetir o já escrito sobre as capturas de “infantis” feitas pelas xávegas.
as redes deste tipo ao serem traccionadas, as mangas, formam aquilo a que os pescadores chamam “muro” fazendo com que o peixe apanhado na seu interior não saia e seja encaminhado para o saco, cuja malha tem as dimensões legais.
mesmo se se considerar que há peixe de pequenas dimensões, convém que se diga que “pequeno” é adjectivo e não substantivo e isto é muito importante.
pequeno para quem? pequeno para quê?
em primeiro lugar, do ponto de vista dos regulamentos europeus só há quotas para cavala, sardinha e carapau. é normal os espanhóis esgotarem a quota da cavala antes de ser época da xávega; a quota e as capturas de sardinha são absorvidas pelas traineiras; a quota do carapau raramente é atingida.
se pensarmos nas capturas dos chamados “infantis” pelas xávegas da nossa costa, elas só parecem ser em quantidade porque são visíveis nas praias. ninguém vê as capturas feitas pelos arrastos costeiros por motoras e outros barcos, não falando nas capturas do arrasto do alto. face a estes dois últimos as capturas da xávega são irrelevantes.
os que dizem que as capturas de “infantis” feitas pelas xávegas põem em causa a sustentabilidade do carapau e da sardinha nas nossas águas, deviam ter em conta a realidade global e não apenas “o que a vista alcança”. se não se atinge a quota de carapau definida pela união europeia, porque é que a captura de “jaquinzinhos” é crime?
admitindo ainda que possa vir nas redes de dimensões legais, peixe de dimensões inferiores ao determinado pelas directivas, porque é que o carapau no mediterrâneo e nos açores pode ter tamanho inferior ao do atlântico – costa ocidental portuguesa?
se depois de chegar a terra todo o peixe apanhado acaba por morrer: areia nas guelras, feridas nas malhas… etc…. porque é que obrigam os pescadores a deitar ao mar peixe morto? fizessem-no eles e muitas praias ficariam com água completamente poluída.
porque não deixam que seja aplicada a tradição, como foi proposto pela associação portuguesa de xávega e aprovado por todos os deputados, e que se o primeiro lanço dia der muito “jaquinzinho”, só deverá ser feito novo lanço à tarde e que se as capturas forem da mesma natureza não se farão mais lanços nesse dia. sempre foi assim. o produto dos lanços seria vendido e não deitado ao mar, o que não faz qualquer sentido.
porque querem matar a xávega?
qual o peso das capturas das xávegas face ao dos arrastões? justifica a perseguição a que estão sujeitos os pescadores desta arte que corre risco de extinção.
é tão bom ter um gabinete em bruxelas e tão duro ir ao mar.
(torreira; companha do marco; 2010)