o medo


 

a safar redes no chegado

a safar redes no chegado

 

 

o medo

queria-o de contornos

bem definidos

reconhecível

 

não assim

pressentido em cada frase

nos semblantes

na dúvida inserta a tudo

no tempo e nos modos

nos dias de cada um

 

amanhã

começará abril

o iluminado mês em que cravos

por armas se trocaram

 

amanhã

queria oferecer-te um país

colado no rosto de um povo

que tivesse nomes de gente desta terra

e não palavras estranhas

orçamentadas e frias

por habitantes

 

não tenho medo do medo

que dele conheci as manhas

tenho medo que tu o tenhas

e à sua sombra vivas

só por medo do medo

 

não te roubaram o sol

mas

terás de lutar por ele

de novo

o saco e a calima (1)


 

delmar viola

delmar viola, a desamarrar a calima

 
preso à extremidade do saco está o arinque/bóia que o sinaliza, a calime/a.

quando o saco chega à praia e está ser rebocada para lugar seguro, no momento em que a sua extremidade se torna visível, é preciso desamarrar a calime/a.

é isso que o delmar viola está a fazer

 

(torreira; companha do marco; 2010)