pai, doirei a ria para ti


 

a ria que o meu pai vê

a ria que o meu pai vê

 

hoje
fomos ver a ria pai
hoje
fomos ver o mar pai
falámos

falámos de tudo
e
não dissemos nada
nada das histórias
que me ensinaste
que me fizeste viver
quando para aqui
me trouxeste

hoje pai
o calendário diz que é o dia
do pai
de todos os pais
mas
todos os dias pai
todos os dias
têm uma história contigo
dentro

algumas já não são só tuas e minhas
já as contei e são de muitos
outras
serão sempre só nossas
como quando digo:

um beijo pai

massa


massa (joaquim rodrigues)

massa (joaquim rodrigues)

o seu nome, joaquim rodrigues, só há muito pouco o soube – coisas do face!

massa porquê? porque quando miúdo se lhe perguntavam de que gostava, respondia sempre: “massa com chouriça”.

as alcunhas têm sempre uma história por trás. a primeira ganha-se quando se nasce, a herdada. com o a idade pode-se ganhar outra, aquela a que se ganhou direito por se ser quem se é. pode demorar tempo, mas algo acontecerá e ela surgirá.

o massa é um espanto. ele canta, faz malabarismos, conta histórias hilariantes, sabe “mandar umas bocas”, é um dos maiores braços de trabalho da torreira. sempre alegre é capaz de dispor bem qualquer um.

no mar, um braço do massa é muito mais que um, é meia companha, quase um tractor, em cima de um palco dá show, na ria a cabrita é um brinquedo nas suas mãos.

a alcunha da minha família, que já não faz parte das existentes no dia a dia actual era/é “gorim”. gosto dela e por isso a ponho a seguir ao meu nome, embora saiba que esta teimosia de querer ser o que o último já foi é só isso: teimosia.

não sei se serei alguma vez recordado como gorim, mas o google terá o registo.

(torreira; companha do marco; 2010)