escuta-te


 

 lentos, os moliceiros aproximam-se, deslumbramento de

                                                                                    lentos, os moliceiros aproximam-se, deslumbramento de

raiva de não poder
prender o tempo
permanecer por dentro
dos instantes em que
o deslumbramento
cresce para mim

escuto de novo o silêncio
a isso te convido também

o que ouves
não é som
é imagem
é música

escuta-te

 

(ria de aveiro; torreira)

o chegar do saco e a calima


 

lá ao fundo a calima(e)

lá ao fundo a calima(e)

 

 

o lanço está quase terminado, falta só ver o que deu.

o saco chega à praia, ao fundo vê-se a bóia, “arinque” que assinala o fundo do saco e que aqui, como na antiga xávega da costa algarvia, se chama “calima” ou “calime”

 

(torreira; companha do marco; 2010)