
condeixa – orelhudo
vêm do campo
tamancas com sola de terra
mãos com luvas de calos
couves, feijão, agrião
cavar, regar, sachar
suar, costas curvadas
submissas não
aqui o pão
nasce na terra
entram em casa
descalços
para serem de novo

condeixa – orelhudo
vêm do campo
tamancas com sola de terra
mãos com luvas de calos
couves, feijão, agrião
cavar, regar, sachar
suar, costas curvadas
submissas não
aqui o pão
nasce na terra
entram em casa
descalços
para serem de novo

(torreira; 2007)
contam histórias

povoam as aldeias
com o negro da saudade
não choram em público
não se lhes sabe a idade
nem conhecem outra cor
são o tempo que foi
nele moram
guardam-se
são a memória de
terem sido mais
na casa vazia
a solidão
esperam-se
ignoram quanto
contam histórias às crianças
enganando o tempo
(condeixa; eira pedrinha)