crónicas da xávega (597)


lembro-me da terra

à segunda a feira
dos fabricos caseiros
do quintal e da capoeira
as contrafacções e os bons preços
os vendedores a apregoar

vi um na assembleia
a negociar
hábitos de feira

a régua e esquadro traçadas
as ruas numeradas

a linha de caminho de ferro
e o mar do outro lado

o jogo e unamuno
as férias o verão
os pescadores

nunca ali vi o sol pôr-se
só lhe sei a cor de dia
nunca o vi verde

(recriação da xávega com bois; silvalde; espinho; 2012)

crónicas da xávega (563)


crónicas da xávega (563)

no passado domingo dia 26 de maio, estive em Sôsa, no lançamento do livro “apetece outro trago” de manuel almeida freire, no café São Miguel.

pendurado por uma mola numa das prateleiras atrás do balcão um jornal com uma foto de primeira página que chamou a atenção: uma junta de bois e arte-xávega. o jornal: “O ponto”, o artigo …

contactei o jornal para saber se me cediam o link da notícia integral, era domingo mas vá lá um reformado saber que dia da semana é.

telefonaram hoje. a menina que fez a ligação e a quem manifestei o meu interesse e pedi que o transmitisse a “quem de direito”. prometeu-me que sim. fico a aguardar.

aos que tudo querem e nada fazem, os que pouco são mostram-se gigantes.

(recriação da xávega com bois; canga vareira; espinho; 2012)

crónicas da xávega (281)


se houver deus

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como se um soldado
desconhecido
perdido nos areais da costa

estreita-se o horizonte
esfumam-se os tempos de fartura

caminha ainda
interrogo-me por quanto tempo

quando já não os houver
erguerão monumentos
escreverão histórias

venderão livros e obras bastas
quando bastava terem feito
tão pouco para que a história
fosse outra

não lhes perdoeis senhor
que quem manda
sempre perdoado é

(espinho; 2012)