gorduroso o tempo
pega-se-me às mãos
não
não te invento nome
nem corpo, nem ser
deixo-te estar assim
no limbo da imaginação
sossegadamente desassossegando-me
as palavras
não serão nada
onde tu fores
por isso
para quê gastá-las na invenção
de um tu?
estamos apenas
e nisso somos tanto
que se fôssemos de facto
o que seríamos?
esfrego as mãos na areia
onde nascem conchas e seixos
e aí
busco o sol
enquanto te espero
os dias
fazem-se de dias
só isso