a álvaro de campos
não sou nada
e nesse nada ser
sou que baste
aceito-me coisa pouca
pedra no caminho
areia na engrenagem
página rasgada
de um livro perdido
não sou nada
não quero ser nada
sou assim eu
(xávega; praia de mira; 2009)
dizer o teu nome o nome de todas as coisas as coisas que cada nome encerra dizer tantas vezes a mesma palavra até que ela perca o sentido a sua ligação com a representação dizer como é doloroso o parto das palavras que ainda não disse ou se disse como as escrevi dizer tanto em tão pouco ser imenso e ínfimo límpido e complexo dizer com palavras amo e escutá-las na boca do outro
(o carregar do saco seco; praia da leirosa; 2019)