lembro-me
das mãos da aurora
das irmãs das canastras
da alcunha herdada
lembro-me
e guardo na memória as vozes
o grito
sardinha linda
do nosso mári
aceso o fogareiro
pingavam no pão
a memória só
só
(sardinha linda; xávega; torreira; 2008)

o amor
eis a mão habitada
casa do homem
aberta porta
eis a mão do homem
onde o mundo
línguas várias
eis o homem na mão
inteiro de ser nela
sem máscara
eis o homem-mão
irmão de todos
eis nos olhos
o amor

(lousã; 30_05_2018; 85 anos, tio joão)
da mãe e do filho

entre o filho da mãe
e a mãe do filho
é tudo uma questão
de gerações
se insulto o filho
é a mãe nele
no filho da mãe
(torreira; 2016)