dar voz a quem

saco seco, sacudido, para cima da zorra
a fotografia aos fotógrafos
a poesia aos poetas
nada mais vos quero deixar
que a memória das gentes
as palavras do que sinto
sou ou tento ser
tenho a noção
do quão pouco valho
mas não seja por isso
que nada faça
como esta gente carrega
as redes que ao mar se hão-de fazer
também eu dou o que tenho
sabendo que mesmo pouco
falta fará que seja feito
leio vejo escuto
com nada fico
se tenho dou reparto
migalhas sejam
como estas
pão à mesa de quem
não tem voz

a companha são todos
(torreira; companha do marco; 2015)