hoje continuo a ser eu

o moliceiro “zé rito”
chegar ao mar
dizer bom dia à ria
ver sentir ser
esquecer tudo
viver apenas
o que os olhos
o deslumbramento
é breve
sinto na carne
a faca que me espetaram
e tudo se esvai
soma-se o que oiço
a exploração dos pescadores
o ludíbrio dos moliceiros
a verdade é mais forte
que toda a beleza
e o instante passou
por muito que me doa
hoje continuo a ser eu

manejam os barcos com a mesma arte com que são manejados
(murtosa; regata do bico; 2009)