o mar tarda

a albina e a aurora aos bordões da mão de barca
o mar tarda este ano
tarda o peixe no saco
tarda o pão na boca
que inverno
depois deste verão
que nunca?
olho-as e penso
mulheres do mar da torreira
que mar é este?
por dentro de mim
corre uma tristeza por tudo
e não há nortada
que limpe o nevoeiro
que carrego
vivo de algumas memórias
outras me matam devagar
o mar tarda e eu
(torreira; companha do marco; 2013)