a fotografia, a tradição, a memória e os interesses

a limpidez da memória no registo do momento
não há nada pior que um povo sem história, não é povo sequer. e o que é a história senão o somatório das memórias preservadas?
a fotografia é, desde que surgiu, mais um instrumento de construção da história, porque produtora de memória, com a relevância de ser um registo visual e de impacto.
desdenhar da fotografia é desdenhar da história e da memória. é desdenhar do povo e da sua cultura.
sujar o campo visual da reconstrução da memória é sujar a memória do registo intemporal, quem dera, do momento.
entendam agora porque sou contra o acompanhamento da “regata da ria” por praticantes de kite surf: sujam a memória, impedem o registo limpo de um tempo recuperado.
virá o tempo em que perguntarão porque se estragaram momentos tão belos. mas será tarde para impedir a ganância de alguns, a ignorância de outros, a falta de cultura de muitos e a indiferença da maioria.
poderíamos cantar aqui, assim: assim se desfaz portugal!

é tão frágil esta beleza perante a ignorância
(murtosa; regata do bico; 2012)