os velhos atravessam o tempo de memória
com mão ágil lágrima grossa regressam
os velhos caminham caranguejos lentos
medusas de horas e anos
os velhos ajoelham calos e varizes
nas pedras gastas do passado
os velhos contam histórias antigas
sabedoria de séculos
os velhos afagam as crianças
macias as mãos grossas magras ossudas
os velhos arrastam-se e caem
cansadas as pernas fechados os olhos
os velhos às vezes já estão mortos
outras morrem ainda mais velhos
os velhos vivem e recordam
e não vivem e recordam ainda
os velhos já foram
por isso são