se tivesse que dizer dele
diria: o silêncio
parco de palavras
silencioso e metódico no gesto
homem de terra que de mar
já foi
o ti antónio
sempre me olhou assim
desconfiado
perguntando-se
(penso eu)
que fará este homem
com máquina fotográfica
aqui onde o que é preciso
são braços de trabalho?
tenho-o visto ultimamente
já um pouco acabado
não vai trabalhar na companha
mas não resiste ao “chamado do mar”
todos os dias caminha até ele
até onde as forças o deixam
para saber dos lanços
da faina
o ti antónio será acabou
de apelido
mas continua
pescador da torreira
no silêncio que sempre foi o seu
(torreira; 2006)
