o voo da cabrita


na ria a ver o joão brandão e o joão dias a cabritar
tudo é muito célere
o fugaz instante em que
por aqui passo
já foi quando por ele

agarrar tudo
porque tudo é súbito
nada
entender é viver dentro
estar lá
ali onde

sei cada vez menos
o cansaço chega à raiz de mim

voo por sobre a ria
para morrer ao sol

(na ria com o joão brandão e o joão dias)

mãos de mar


 

o aparelhar das redes

o aparelhar das redes

 
como se criança
a rede pelas mãos
guiada e acarinhada

amor outro desta vida
de mar feita

como se mulher
abraçada
amantes antigos
de muito juntos serem
entrega-se

juntam-se
onde a vida se faz
aí se quedam
se reencontram
e são

mãos de rede
mãos de mar
de amar

mãos

 

(torreira; companha do marco; 2011)