viver


 

 

chegado, era manhã e eu ......

chegado, era manhã e eu ……

 

poderia dar-te tudo
mas é de nada que são feitos
os mais belos momentos
nada
é a possibilidade de seres
tu a fazer tudo

a solidão ensina-te a ler
as cores do silêncio
desenharás o que quiseres onde
e como te apetecer

tudo o que te ofereço
é o nada onde podes ser criador
de um mundo diverso
claro e diurno

fácil será receber
estar vivo é fazer

assim te quero

(no chegado a hora por vezes não chega)

fala da areia


 

o aparelhar das redes; torreira; companha do marco; 2011

o aparelhar das redes,  torreira, companha do marco, 2011

 

 

pergunto à areia como resiste
à fúria invernal do mar
e continua aqui
leito de homens barcos artes

diz-me que do mar filha é
sempre foi
e um dia a ele retornará
destino de

fala-me me dos homens
das máquinas
que passado o inverno
a que foi poupada
a vêm roubar
para destinos que não seus

diz-me que histórias
muitas haveria para contar
mas é tarde
muito tarde
o sol queima

a areia arde