há muitos futuros
o fim da ilusão
não mata a memória
enterra um futuro
na salgadeira a carne
esperava o verão
o cozido à portuguesa
a couve do quintal
a água do poço
o frango da capoeira
já não há enguias na ria
à limpidez dos dias
nos olhos nos afectos
sabores e saberes
regresso sempre
eis agora do sal a beleza
tempero de outros dias
há muitos futuros
(morraceira; rer; 2016)