
a “Carta-poema a Eugénio de Andrade” faz parte do livro “TRÊS SOLIDÕES” , constituído por três cartas-poemas, a Mécia de Sena, Eugénio de Andrade e Herberto Hélder.
a “Carta-poema a Eugénio de Andrade” faz parte do livro “TRÊS SOLIDÕES” , constituído por três cartas-poemas, a Mécia de Sena, Eugénio de Andrade e Herberto Hélder.
2 de setembro de 2016
como já escrevi na primeira publicação desta série, a minha era digital na xávega começou em 2005 e, na torreira, por motivos vários, terminou no dia 2 de setembro de 2016 – doze anos a registar fotográficamente, e não só, a xávega na torreira
a foto que publico hoje é a “última foto que fiz no mar da torreira”.
como não acredito em coincidências, entendo que o facto de nela aparecer o meu grande amigo agostinho trabalhito “canhoto” não é acaso, tinha de ser.
lembro uma história breve da nossa amizade e que diz tudo.
“um dia, disse-lhe que quando morresse as minhas cinzas iriam ser deitadas ao mar. ao ouvir isto o agostinho, com a maneira de falar que o caracteriza, exclamou:
ah! cravo. eu nesse dia não bou ao mar!“
2005, murtas a labuta continua
em 2005 continuava a trabalhar na praia da torreira a companha dos murtas, com o barco olá sam paio.
dos irmãos zé e antónio murta. o antónio era mais o homem de mar e o zé o de terra. creio que é em 2005 que falece o antónio em naufrágio à beira praia.
era, e é, opinião minha, uma companha familiar – da propriedade à própria composição da companha.
para além dos arrais e donos, não posso deixar de me lembrar da marlene, filha do zé, que era a responsável pela “contabilidade” da companha, e do redeiro, ti caetano da mata.
do livro “A solidão é como o vento”, concebi três leituras, esta é a terceira e última
2005 ano um
em 2005 aparece na praia da torreira um barco “novo”. o m. fátima de marco silva, regressado do luxemburgo.
o barco pertencera ao arrais bolacha e chamava-se sra da aparecida.
faz-se ao mar com alfredo brandão (pirolito) como arrais de mar e o apoio em terra do experiente antónio trabalhito (barbeiro), entretanto falecido.
de costas, agarrado ao vertente, o estrela – que também já partiu para outro mares, mais distantes.
2020 ano a zero
em 2005 começou a minha aventura na fotografia digital.
não sou “de fotografar tudo”, tenho os meus temas, sempre os tive. de entre eles o retrato e a xávega começaram por se destacar na era digital, sem quaisquer pretensões.
desde 2005, ano após ano, fotografei a xávega em várias praias da nossa costa. andei por aí.
2020 é o primeiro ano em que não faço uma única foto de xávega, uma única. causas várias em que o covid também tem a sua importância.
neste registo de 2005, fica a memória de um barco: o s. pedro. era propriedade do arrais manuel dias da torreira (é ele que está na bica da ré). anos mais tarde foi comprado pelo arrais zé murta (falecido) que, depois de reparação foi rebaptizado com o nome de “olá s. pedro”.
viria depois a ser vendido para a praia de pedrógão.
a fotografia permite estas viagens.
arrumar o sal no armazém
o silêncio é uma vela
começas a escrever os dias a repetir a palavra ontem cada dia mais vazia de vida mais cheia de memória em ti habitam os que partiram em ti se demoram no sobrevoar da ria tão deles olhas como te ensinaram e lembras os nomes os rostos ainda ouves as vozes o silêncio é um barco e tu a vela que o tempo enche
no livro “OS DIAS COMUNS”, helder pacheco comenta fotografias de emídio carvalho rebelo. a beleza dos comentários convidou-me à leitura de alguns, estes serão os primeiros
Recriação da safra à moda antiga” – foto 14
giga cheia à cabeça, cinquenta quilos quase, elas caminham com o porte das grandes senhoras que ao vê-las as invejam