só se perde
o que se teve
quem nada tem
nada perderá
por vezes nem a vida
nem a vida vida é
e não se perde
pede-se que se vá
bonita é a poesia
a poesia de sofá
(bateira; o que não vês; torreira; 2010)
poemas de amor
gostava de os escrever
e de os entregar
aos senhores da guerra
aos donos da economia
assassinos de crianças
escorrem-me pelo rosto
amargura e vergonha
raiva e impotência
merda álvaro
também eu sou lúcido
não não sou daqui
recuso-me a ser
poemas de amor
não sei escrever
(porto de abrigo; torreira; 2009)