
o bruno daniel e o mestre zé rito
o bruno daniel e o mestre zé rito
torreira; mestre zé rito; 2018
salve mestre
mestre antónio esteves e a sua obra: o “presidente”
mestre antónio esteves e a sua obra: o “presidente”
o mestre a trabalhar com serra tradiconal
notas de um retirante
para que conste
em 1999 o mestre zé rito, que tinha o estaleiro ao lado de casa, construiu, a céu aberto num terreno em frente ao estaleiro, o moliceiro “zé rito”.
em 2016, o mestre zé rito construiu, a céu aberto num terreno ao lado do “museu estaleiro do monte branco”, o moliceiro “um sonho”.
evolução? continuidade? o que mudou para que tudo continuasse na mesma.
aqui fica o convite para visitarem o museu estaleiro e aprenderem vendo.
(construção do moliceiro “um sonho”; 2016)
21 de agosto
hoje acabou-se o fecho dos costados do moliceiro.
neste registo o ti alfredo do táxi – porque foi dono do primeiro táxi da torreira, antes de emigrar – segura a tábua que o mestre zé rito aplaina e irá ser colocada na parte inferior da proa, a estibordo.
para fechar totalmente o barco, ficam só por colocar as tábuas de fecho do fundo.
amanhã começa o trabalho de decoração do barco, a cargo do pintor zé oliveira que, há cerca de 25 anos, decora moliceiros e para os quais vai inventando os temas que tão bem caracterizam os painéis. vamos ver o que sai desta vez.
quanto à colocação da tábua, depois de afeiçoada, não fiz qualquer registo porque…. fui membro da equipa do turno que a aguentou enquanto o mestre a fixava.
(torreira; 21 de agosto de 2016)
19 de agosto
hoje o mestre zé rito, andou entre o acabamento da proa e o leme e pequenas tarefas de aperfeiçoamento. do varrer ao polir, de tudo se fez um pouco e os amigos ajudavam onde era preciso a cada momento.
momentos houve, como todos os dias, em que o mestre trabalhava e conversava com os amigos, dizia piadas e continuava. a obra é um acto de contentamento e não o resultado de um sacrifício.
emigrantes, reformados, pescadores, turistas …. muitos foram os que por ali passaram, os que ali ficam e convivem.
dos muitos momentos vividos ao longo do dia, fica o registo último que fiz antes de os deixar: o colocar do último “cunho” do castelo da proa, depois do “bertente”.
como já escrevi, este não é um diário técnico, nem o pretende ser, é isso sim, uma memória dos dias vividos junto à ria à mesa de um moliceiro em construção.
como disse o setenove, em torno ” de mais um filho da ria”.
o mestre zé rito coloca o último “cunho”
(torreira, 19 de agosto de 2016)
18 de agosto
hoje o mestre zé rito continuou a trabalhar em pequenos, mas importantes detalhes da construção, nomeadamente a quase conclusão da bica da proa e ponteiras.
registei, pela sua valia humana de solidariedade e amor, o momento em que todos os que foram precisos ajudaram a colocar a tábua de baixo, do costado de bombordo.
tirando uma pequena lacuna na ré, o bombordo ficou fechado – até à hora em que saí do estaleiro.
talvez amanhã quando lá chegar já esteja fechado. quando saí ontem faltava colocar a tábua de baixo do costado de estibordo à ré, hoje de manhã já estava no sítio.
o barco vai-se fazendo de acordo com o saber do mestre, com os métodos herdados na sua aprendizagem e aperfeiçoados no seu fazer diário. de acordo com o seu tempo.
não sou técnico, sou o que olha e vê os homens e um barco que pulsa dentro deles e os faz rir e conviver, como se em torno de uma mesa farta.
o tempo aperta, o mestre não descansa, os amigos esperam, plateia atenta, que um pedido surja e logo é satisfeito.
17 de agosto
hoje começou o fecho do barco.
o mestre zé rito afeiçoou a segunda tábua de costado de bombordo e procedeu-se à sua fixação.
do fazer de cavilhas de madeira, que se vêem ao longo da tábua, até aos ângulos de corte da tábua e ao molde para o fazer, muitas foram as pequenas tarefas e alguns os conceitos novos que aprendi.
para a colocação da tábua e ajuda à sua fixação de novo, como sempre, apareceram amigos prontos a ajudar.
ao fixar neste registo o barco, já na sua forma final, e um homem de costas – que eu sei que é o avelino – quero simbolizar TODOS os que, de algum modo, têm estado presentes durante a construção do moliceiro e, com todo o empenho possível, têm dado o seu contributo para a construção.
a cada dia que passa, mais vejo esta construção como a GRANDE CELEBRAÇÃO COLECTIVA E ESPONTÂNEA DA RIA.
(torreira; 17 de agosto de 2016)