perdi há muito a noção de tempo quer queira quer não tudo foi uma questão de tempo
(regata do emigrante; cais do bico; 2010)
era uma vez no oeste
falarei ainda do silêncio da memória de ter sido do sopro no teu ouvido de dois corpos nus de duas sedes de duas fomes de um só desejo no mesmo beijo falarei ainda do silêncio até que não me oiçam até que dentro de ti me sintas e seja o nosso o grito
(murtosa; regata do bico; 2010)
murtosa; regata do bico; 2017)
murtosa; regata do bico; 2017
regata do bico 2016
” O Amador” a chegar ao cais do bico
participantes e posição à chegada:
classe A
1º – Zé Rito
2º – Marco Silva
3º – A. Rendeiro
4º – Dos Netos
5º – O Amador
6º – C.M. Murtosa
desistiram
S. Salvador
Manuel Silva
Bulhas
Classe B
(não entram para a competição)
Sermar
Ecomoliceiro
no final da regata foram entregues, pelos autarcas da murtosa, as medalhas de participação e as taças até ao 5º lugar.
foi anunciado de que havia prémio de participação e, como é hábito, deve haver também um de “posição à chegada”. os valores não foram divulgados, nem os moliceiros com quem falei o sabem.
alguma explicação há-de haver, e penso que de força maior, para que assim seja. eu só fui fotografar a regata.
aliás, havia muitas máquinas no cais do bico, vindas de muito longe, algumas até de lisboa. os moliceiros trazem às regatas um público muito especial: fotógrafos amadores.
espero que as organizações das regatas entendam, numa época em que se fala tanto de “turismo temático”, o potencial que eles representam.
só mais uma pequena nota, hoje no estaleiro do mestre zé rito, onde se está a construir o moliceiro do zé rebelo, um francês dizia-me:
– em frança só na bretanha se fazem barcos desta forma artesanal, mas não são para particulares, são para património.
mais uma para registo
o mestre felisberto caçoilo chega ao bico à proa d’ “O Amador”
(cais do bico; 7 de agosto, 2016)
o moliceiro “O Amador”, do mestre felisberto caçoilo, a chegar para a regata ainda pela manhã.
são imagens como esta que me levam a estar cedo e a passar muitas horas no recinto.
do tamanho
(relendo fernando pessoa
«Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura.»)
olho à minha volta e vejo
que nesta terra
os que nela mandam
não têm sequer
o tamanho da altura que têm
como poderão ver?
(murtosa; regata do bico; 2013)
a destruição da memória
em 2006 o “José António” ainda velejava na ria.
foi vendido para o turismo, amputado nos canais de aveiro.
assim se constrói a memória por cá.
(regata do bico, 2006)
o meu amigo
o moliceiro “Dos Netos” do ti abílio fonseca (carteirista)
o ti abílio carteirista
abraçou-me
e ao contrário
do que muitos pensam
pela alcunha
encheu-me a carteira
dos amigos espero a amizade
(regata do bico; 2009)
UM BOM ANO DE 2016
sobreviver
o moliceiro “dos netos” do ti abílio carteirista
de velas pandas os dias
seguiram o seu caminho
barcos ante nossos olhos
espanto de ainda por cá
resistir teimoso à chamada
espantoso o ser ainda
um moliceiro voga na ria
quero deixar-vos um ror deles
a encher-vos os olhos
nada mais vos peço que
sonheis com muita força
só assim os moliceiros hão-de
sobreviver
a bandeira da pátria dos moliceiros
(murtosa; regata do bico; 2007)