peso pesado
ser todo o mundo aqui
(xávega; o arribar do calão; torreira; 2016)

costa de lavos; 2017

o meu amigo agostinho trabalhito (canhoto) a soltar o arinque do calão
stalone

dez réis de gente
de tão leve
partiu já
do mar dos dias
a memória
um nome
peso pesado
para tão pouco
chamavam-lhe
stalone
(torreira; o arribar do calão; 2013;
quisera-me lá

o arribar do calão do reçoeiro
haver ainda mar
por onde olhos
se perdem
se esvai
a raiva imensa
de saber que homens
lobos de homens
sou areia onde espuma
chega-me o sal aos olhos
navego para longe
quisera-me lá

o delmar à direita e o ti augusto de boné ao fundo à esquerda
(torreira; companha do marco; 2013)

sem barco vão mar adentro
como ilhas
estes homens

chega a manga, agarra-se o calão
(torreira; companha do marco; 2015)
até um dia

o stalone agarra o calão e o ti américo desata o nó que prende a corda do arinque do reçoeiro
maiores que o mar
efémeros como a espuma
enterram na areia
os pés
espero os dias de sol
encharcados de sal
para os reencontrar
um dia

(torreira; companha do marco; 2012)