
não sei de regressos
sei de chegadas
de partidas
esperar é destino
de quem em terra
chegam os outros
os que partiram
todo o homem
é uma viagem
chega para partir

(torreira; companha do marco; 2015)

não sei de regressos
sei de chegadas
de partidas
esperar é destino
de quem em terra
chegam os outros
os que partiram
todo o homem
é uma viagem
chega para partir

(torreira; companha do marco; 2015)
aos que trocaram o certo pelo incerto

aqui se mostra portugal
falo do mar e dos homens
falo de nós
não dos dos brandos costumes
de nós
dos que desafiaram o sonho
para o tornar realidade
de nós
dos que inventaram ser maiores
que a terra onde nasceram
e partiram para serem
o que lhe negavam
falo de nós
dos que trocaram o certo
pelo incerto

repito-me: são estes os homens que o hino canta
(torreira; companha do marco; 2010)
ti antónio neto

como sempre, calado a olhar para o longe
escrevo mar memória
cansaço vida morte
conto o tempo
os dias onde já não
sei ti antónio
que já partiu
tarefa pesada esta
de carregar certos dias
como se menos um
recordo então os rostos
dos que partiram
vejo-os sorrir de novo
reinvento o tempo
um tempo de sol e mar
o nosso tempo
revejo-o ti antónio

ao mar ao fundo continuará sempre
(torreira; companha do marco; 2009)
mente

bota!!!!!!
sucedem-se os dias
pesados lentos
frios chuvosos sem
tudo se arrasta
numa modorra cansada
triste cinzenta
espero o sol
espero-o
desesperada
mente

dias de mar
(torreira; companha do marco; 2009)
pelo pão de cada dia

o mestre de redes e o saco
no chão estendido
um véu rendado
é manto que cobre
homem e mar unidos
na malha dos dias
onde sol sal areia e suor
se fundem num só corpo
por debaixo das nuvens
nos caminhos percorridos
pelo pão de cada dia

como se um véu de noiva o saco nas mãos do cebola
(torreira; companha do marco; 2010)
as maõs e os olhos do mestre das redes, o cebola, percorrem o saco em busca de rombos
quisera-me lá

o arribar do calão do reçoeiro
haver ainda mar
por onde olhos
se perdem
se esvai
a raiva imensa
de saber que homens
lobos de homens
sou areia onde espuma
chega-me o sal aos olhos
navego para longe
quisera-me lá

o delmar à direita e o ti augusto de boné ao fundo à esquerda
(torreira; companha do marco; 2013)

carapau do nosso mar
é peixe do mari!!!!!!!!!!!!!!!!

quando o mar é mãe e o comprador não é padrasto ……
(torreira; companha do marco; 2015)

ser ainda maior
ser maior que o medo
é arte de pescador

ah! mar dum raio
(torreira; companha do marco; 2015)
pouco

e o maria de fátima desliza nas ondas
peço pouco
não sei sequer pedir
estranham-me por isso
uns livros
algum tempo
comida quanto baste
sem banquete ser
sei-me pouco
pouco peço

arribar só é fácil para quem não sabe
(torreira; companha do marco; 2015)
aparelhar da mão de barca

e não são de cânhamo estas cordas
o massa e o bruno colocam um rolo de corda da mão de barca dentro do barco.
a cala da mão de barca fica debaixo do paneiro da proa até ao traste da proa

encontram-se as mãos no esforço, a companha é isso mesmo
(torreira; companha do marco; 2009)