crónicas da xávega (308)

crónicas da xávega (308)


o poema
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torreira; o recolher do saco; 2016 – irá a zorro na zorra para ser seco

 
se fossem música
estas palavras
seriam poema
 
é do poeta escrever
música com palavras
 
diz o que lês
como o sentes
ouve-te
 
porque é para ser dito
que foi escrito
como se música outra
 
ou
não é ainda o poema
 
postais da ria (300)

postais da ria (300)


escrevo-me

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quim marçal

caminho frágil este
o dos dias de estar aqui
escrever na areia dizem
e que mais resta quando
de água a memória
escrevo para lembrar
para sentir para saber
sigo o caminho das letras
em busca das palavras
eu perdido por aí
escrevo-me escrevo-me
talvez me encontre
(torreira; reparar redenho;2018)

crónicas da xávega (136)


pelo pão de cada dia

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o mestre de redes e o saco

no chão estendido
um véu rendado
é manto que cobre

homem e mar unidos
na malha dos dias
onde sol sal areia e suor

se fundem num só corpo
por debaixo das nuvens
nos caminhos percorridos

pelo pão de cada dia

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como se um véu de noiva o saco nas mãos do cebola

(torreira; companha do marco; 2010)

as maõs e os olhos do mestre das redes, o cebola,  percorrem o saco em busca de rombos