29 de agosto
depois de almoço chegámos ao estaleiro quase ao mesmo tempo, eu e o mestre zé rito. os dois e um moliceiro quase acabado.
com a rebarbadora o mestre lixava e depois afagava – interessante esta palavra – a madeira com a mão, para sentir a perfeição do trabalho efectuado.
palavras poucas, ouvia-se a rebarbadora, corria no ar uma poeira fina de madeira e o fundo do moliceiro adquiria um face nova.
havia ainda muito para fazer: calafetar, aparafusar, betumar, colocar pequenas cavilhas de madeira em pequenos furos…. tudo coisas miúdas, mas muitas.
ao longo da tarde foram chegando os amigos e o material que fazia falta. o mestre continuava sozinho, o seu trabalho enquanto a conversa o envolvia e amenizava a dureza da exposição ao sol.
na edição deste registo, mais que um momento queria transmitir um sentimento: o da solidão do mestre.
não sei se o consegui, mas depois de ter estado quase todo o dia no estaleiro só tinha uma frase para descrever o dia de hoje:
a solidão do mestre
espero que a sintam
NOTA – o bota- abaixo é pelas 15 horas, de quarta-feira dia 31
(torreira; 29 de agosto de 2016)