(torreira; o amarrar da muleta e o antónio ainda era vivo; 2005)
muleta
memória_01082010
crónicas da xávega (271)
viagem

a mulher, a muleta, o arinque, o barco adivinha-se, o mar sente-se
olho e sinto
como se hoje
a caminhada começa
pelo fim
que pernas estas
os olhos
por que caminhos
me levam
o sentir
as palavras
vou e fico
viajo em mim
(torreira; 2009)
crónicas da xávega (250)
meditação
dizes
só me insulta
quem eu quero
digo
só me magoa
quem menos espero
(torreira; 2009)
crónicas da xávega (170)
só

2009, a muleta tradicional
sou
o que se foi fazendo
os princípios sempre
as pedras e os afagos também
não o outro o que gostariam
que apesar tudo
continuasse
a ser
o que me dói ser assim
o ter chegado ao que sou
eu por dentro e por fora de mim
escrevo-o com lágrimas
e raiva raiva raiva raiva
um dia vou acordar nunca
para ser eu
só

com o tempo muito se altera, as coisas e as pessoas. já lá vão 7 anos
(torreira; companha do marco; 2009)
crónicas da xávega (130)
muleta, mão de barca, regeira

anda areia no ar junto com poalha de água
recordando
quando os barcos eram “empurrados” por uma muleta como a que se vê nesta foto, o barco era mantido na perpendicular à praia, com a ajuda de duas cordas:
– a mão de barca, cala do aparelho que ficava em terra, que o arrais amarrava à bica da ré e ia largando conforme as possibilidades e as necessidades
– a regeira, corda presa ao golfião de bombordo da proa e que estava preso a um bordão enterrado na praia e da responsabilidade de um camarada da companha (enquanto foi vivo e lá trabalhou, era o ti antónio neto que o fazia)
a terceira corda que se vê na foto é a que está amarrada à muleta, para quando o arrais a soltar poder ser recuperada para terra.
vê-se areia por todo o lado porque o motor está a trabalhar e quando a onda recuou deixou-o em seco e o barco não largou como era de esperar.

a cores as cordas são bem visíveis
(torreira; companha do marco; 2009)