crónicas da xávega (170)


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2009, a muleta tradicional

sou
o que se foi fazendo
os princípios sempre
as pedras e os afagos também
não o outro o que gostariam
que apesar tudo
continuasse
a ser

o que me dói ser assim
o ter chegado ao que sou
eu por dentro e por fora de mim
escrevo-o com lágrimas
e raiva raiva raiva raiva

um dia vou acordar nunca
para ser eu

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com o tempo muito se altera, as coisas e as pessoas. já lá vão 7 anos

(torreira; companha do marco; 2009)

 

crónicas da xávega (130)


muleta, mão de barca, regeira

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anda areia no ar junto com poalha de água

recordando

quando os barcos eram “empurrados” por uma  muleta como a que se vê nesta foto, o barco era mantido na perpendicular à praia, com a ajuda de duas cordas:

– a mão de barca, cala do aparelho que ficava em terra, que o arrais amarrava à bica da ré e ia largando conforme as possibilidades e as necessidades

– a regeira, corda presa ao golfião de bombordo da proa e que estava preso a um bordão enterrado na praia e da responsabilidade de um camarada da companha (enquanto foi vivo e lá trabalhou, era o ti antónio neto que o fazia)

a terceira corda que se vê na foto é a que está amarrada à muleta, para quando o arrais a soltar poder ser recuperada para terra.

vê-se areia por todo o lado porque o motor está a trabalhar e quando a onda recuou deixou-o em seco e o barco não largou como era de esperar.

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a cores as cordas são bem visíveis

(torreira; companha do marco; 2009)