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ao arrepio das correntes dominantes o poeta navega e segue está vivo e escreve
que fazer das palavras
que fazer das palavras se não o assassínio do silêncio que fazer das palavras se não a ferramenta da denúncia que fazer das palavras se não o dizer esta revolta hoje aqui que fazer das palavras se não servirem para derrubar o palco erguido pelo silêncio que fazer das palavras se as aprendi para as dar e serem mais só a conquista dá valor ao conquistado desprezadas são as ofertas que fazer das palavras se não usá-las para gritar quando necessário
é dia ainda
é dia ainda e já se ouve o uivar do lobo a memória acende nos lábios as palavras guardadas quase esquecidas necessárias é dia ainda e já se sente o fedor da besta junta-se na praça a alcateia vindos de longe respondem ao chamado sedentos de carniça é dia ainda e já sabemos que o uivo o fedor mau prenúncio são ao engano quantos irão
doem-me os braços
tempo de espera este sobreviver para viver sem saber quando tempo para lembrar depois esquecer tempo de não ser o sal está a trabalhar dizem e esperam o tempo de estar feito no talho que me coube vou mexendo os dias com vontade de os rer doem-me os braços por falta de abraços
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 12

com esta publicação termina a série de fotos em que pretendi mostrar a “Recriação da safra à moda antiga”, organizada em agosto de 2020 no ecomuseu do sal, nos armazéns de lavos.
esta série só foi possível graças a três factores – trabalho, amizade e sorte – e a três pessoas – santos silva, margarida perrolas e gilda saraiva.
esparsamente irão aparecendo outras fotos deste evento mas sem o carácter que a série revestiu.
o meu abraço a todos os que com a sua amizade me permitiram fazer estes “bonecos”.
na foto os marnotos (marronteiros) e os montes de sal
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 11

a arte da tiradeira é nos pequenos desequilíbrios que se manifesta.
“Recriação da safra à moda antiga” – foto 10

giga cheia, giga vazia, pela silha se cruzam as tiradeiras e o sal caminha com elas