
ana amaral
escuto o mar
e oiço-me menina
não esta mulher cansada
de tantos anos
sofridos
revejo tudo de novo
o alfredo, canalha ainda
aos meus pés
enquanto alava as cordas
o peixe
no saco a caminho da barraca
onde umas brasas
e broa
estou cansada
de tanta areia percorrida
tanta carga sobre os meus ombros
de mulher/homem aqui
o alfredo
já é homem
ajuda na companha e sorri
faz-me feliz vê-lo
é quando o perco de vista
e só vejo areia e mar
que tudo me pesa
a faina é dura
mais dura porém a fome
que ela mata
(torreira, 2009)