
o velho moliceiro e a cidade nova
fricção e realidade
realizou-se ontem, dia 28 de junho, mais uma regata da ria. quem acompanhou dia a dia o caminho percorrido até à sua realização, só pode dizer uma coisa: grandes são os homens que ainda vão tendo moliceiros, que sem eles, nada se teria realizado.
a desorganização foi total, apesar de anunciada com pompa e circunstância na página do turismo do centro, como o grande evento do “aveiro weekend 2014” e ser a murtosa considerada a “pátria dos moliceiros”, só na segunda-feira dia 23, se realizou a primeira reunião com os proprietários de barcos, e só nessa altura alguns souberam da regata. convocatória? tá na net!
entre o que consta da brochura sobre o “aveiro weekend 2014” e as actividades que envolveram a regata, qualquer semelhança para além da data, é estranha.
na reunião foi proposta, por quem “de direito”, a participação de bateiras com mais de 7 metros, à vela. proposta que já comentei a seu tempo.
na torreira, de onde parte sempre a regata, só um cartaz anuncia há tempos a semana europeia do cicloturismo. sobre a regata, nada!
ao chegarem a aveiro, não havia qualquer representação das entidades oficiais a saudar os participantes. depois de chegarem ao parque da fonte nova, ao lago em frente à antiga cerâmica campos – actual centro de emprego de aveiro – houve que esperar que o presidente da câmara de aveiro, chegasse para que se ouvisse o discurso da praxe e tivesse lugar a entrega de prémios.
um discurso com alma, como é de bom tom, afirmando a disposição de apoiar os moliceiros, como os italianos as gôndolas de veneza, tarefa para “os europeus de aveiro” – cito. elogio ao presidente da câmara da murtosa – onde estava? -, à associação náutica da torreira e a todos os moliceiros.
enquanto proferia o seu discurso, mesmo atrás do palco montado para o efeito, jazia, no lago artificial, um moliceiro em estado lastimável, a apodrecer, na tal praça mais nobre de nobre de aveiro, com um hotel de luxo numa das margens.
volto a citar almada negreiros: “ a pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões”. troque-se pátria por aveiro e camões por moliceiros, e temos um retrato actual do que se passa na ria de aveiro.
a fricção da realidade, é gritante para quem não se limita a fazer “bonitos”, seja em fotografia, seja no que for, mas que queira saber onde vive e esteja atento.
apetece convidar o sr. presidente a participar na próxima regata, no moliceiro que está no largo da fonte nova, jazendo num lago artificial.
(aveiro; regata da ria 2014)