o meu amigo

o moliceiro “Dos Netos” do ti abílio fonseca (carteirista)
o ti abílio carteirista
abraçou-me
e ao contrário
do que muitos pensam
pela alcunha
encheu-me a carteira

dos amigos espero a amizade
(regata do bico; 2009)
o meu amigo

o moliceiro “Dos Netos” do ti abílio fonseca (carteirista)
o ti abílio carteirista
abraçou-me
e ao contrário
do que muitos pensam
pela alcunha
encheu-me a carteira

dos amigos espero a amizade
(regata do bico; 2009)
a escolha

no escolher dos amigos
a mesma precisão
com que eles o peixe

(torreira; companha do marco; 2010)
boas manel

éramos jovens e cantávamos
mal eu e tu
os artistas eram outros mas a festa
éramos todos
quarenta cinco anos lá vão
regressaram hoje
quando soube que tinhas
não sei como dizê-lo
só sei que não voltarás
a responder-me
sempre que te falar
direi “olá manel”
e só o silêncio do outro lado
começo a ter muitas respostas
de silêncio
mas voltemos à festa ao sermos
jovens e ser verão
haver um monte branco
monte branco mesmo
o francês
os passeios rente à ria
as cantorias com e sem violas
as conversas
quarenta e cinco anos manel
é muito tempo
mas estás agora aqui comigo
em silêncio
enquanto os ouvimos cantar
e tocar
na areia da praia que também
já não é
abraço manel
é bom estar contigo

(ria de aveiro; cais do bico)
o mar e eu

o ti américo e o massa, ao fundo
olho o mar e penso
aqueles que te não conhecem
se te soubessem
fico assim dentro de mim
a inventar ondas gaivotas
um barco e os meus amigos
o mar é uma casa imensa

homens de mar
(torreira; companha do marco; 2011)