
espírito de equipa: a companha
a palavra
queria-te inteiro
dentro da palavra
da tua palavra
queria-te
só isso
e falhaste
(torreira; s. paio; 2012)

espírito de equipa: a companha
a palavra
queria-te inteiro
dentro da palavra
da tua palavra
queria-te
só isso
e falhaste
(torreira; s. paio; 2012)
quando

quando amanhã
for ontem
quando tu tiveres
sido
sem nada seres
nada restará de ti
a não ser o nada
que foste

(torreira; s. paio; 2017)
não sei
a música dos corpos
a sinfonia
o esforço conjugado
a equipa
recordo a mesa posta
a família
a meta aproxima-se
o desfecho
não sei do vencedor

(torreira; corrida de chinchorros; 2012)
murtosa

é esta a terra
que navega
com um barco
no coração
escrevo moliceiro
com m de murtosa
escrevo murtosa
com m de moliceiro
confundo-os

(torreira; regata do s. paio; 2010)
o meu tempo

enraizadas na água
antiquíssimas
as vozes dos mortos
sem rosto
iluminam caminhos
gastos
de tanto os refazer
há um tempo sem
tempo
por dentro de todas
nele habito para ser

(torreira; regata do s. paio; 2011)

tá-se bem

no moliceiro “Dos netos” com o meu amigo ti abílio
(que as minhas para contigo
só à vista terão fim)
há muitos anos
talvez não tantos
que o tempo engana
era assim que
terminavam
as cartas de amor
há muitos anos
no tempo dos meus pais
havia cartas e moradas
postais e telegramas
agora
sms’s e-mail’s
e amor
tipo
tá-se bem

no moliceiro “Dos netos” com o meu amigo ti abílio
(torreira; regata do s. paio; 2016)
o sonho é bandeira

será sempre o sonho
que construirá a realidade
é esta a bandeira do ano
por ela estamos aqui
sonhemos então

(torreira; regata s. paio; 2010)
essencial o homem

o moliceiro “Dos Netos”
por sobre o espelho
da ria o moliceiro
desliza à força da vara
em dias sem vento
ou de passagem de modelos
de nada serve a vela
fica o mastro a falar dela
essencial o homem
é a força de ser ainda o barco
a bandeira erguida
de uma terra que se busca
num tempo onde ainda não se sabe
se perdida por falta de raízes
numa suposta ria encanada
na cidade
há uns barcos que se fazem
passar por
essencial o homem
desmente-os

o moliceiro “Dos Netos”
(torreira; regata do s. paio; 2010)
moliceiro

o tempo os homens as artes
memória
a árvore legada raiz
bandeira
um barco um nome
a terra
numa só palavra tanto
moliceiro
onde não há cultura não há
futuro
um sonho pode morrer assim

(torreira; s. paio; 2017)

o zé pedro e o léo preparam a bateira para a regata
há uma criança
dentro de mim
é ela que te sorri

(torreira; s. paio; 2017)