quando o mar trabalha na torreira_luisa da calada


 luísa da calada

(irmã do arrais joão da calada e viúva de tiago branco)

sei das letras os desenhos
pelas crianças feitos
na areia da praia

no alfabeto da minha vida
cada dia é uma letra
umas mais cheias
outras mais finas
escritas pelo mar
dia a dia marcadas
no corpo que no meu rosto
se espelha

dos números
as contas
somar peixe
dividir sardinha pão
subtrair dias de norte

multiplicar
nunca houve o quê
neste viver feito do mar
azar e sorte

(torreira, século XX)

xávega_o arribar (3)


a espera
o zé caravela e a marlene murta esperam, de ganchos na mão, o arribar do barco de mar que, pela postura e o olhar de ambos, estará para pouco.
 
este registo é o reconhecimento da marlene como mulher da torreira, sem quaisquer problemas de assumir tarefas que normalmente só aos homens cabem.
 
(torreira; companha do murta; 2007)