luz breve
a flor do campo
sorriso que a terra oferece
a quem mais nada pede
apenas isso me basta
um sorriso breve
por mais breve que seja
o instante
em que tudo acontece
e eu nele
a ser também parte de
estou vivo
aqui onde
pende-me da boca o cigarro
assim os dias
escorregam pelo tempo
olho o peixe
ainda a saltar
é pouco não basta
faço as contas
a este viver
cansado
mais que o cigarro
outro lanço se seguirá
talvez
um sorriso na face vá nascer
com sabor a esforço compensado
peixe que seja pão
para todos
um cigarro pende-me da boca
(torreira, século XX)