
diz-se “rer”

(morraceira; 2016)

diz-se “rer”

(morraceira; 2016)

por entre as mãos
correm rios tristes
e são de mar
(torreira; 2016)
cirandando ideias

ciranda de um (era uma vez uma caixa de fruta…)
nada é tão certo
como o incerto

cirandar berbigão
(torreira; 2016)
o meu amigo agostinho canhoto

(torreira; 2016)
jacques hammel, um francês no país dos moliceiros

jacques hamel, un français au pays des moliceiros

(regata do bico; 2016)

diz-se “achegar”

(morraceira; figueira da foz)
hoje não penso

cirandar berbigão
recuso-me a pensar
recuso perguntar porquê
hoje não penso

o salvador belo e o irmão. pedro
(torreira; 2016)
mãos de dar

não
não me arrependo
de serem de dar as mãos
que me deram
nos cotos
dos braços que me levaram
outras mãos nasceram
para continuarem a dar
haverá amargura
por dentro dos dias agora
mas brilha nos olhos
o sol de sempre
o tempo
que nunca caberá nas mãos
é oferta impossível
usaram-no mal

(torreira; 2016)
nada é

não há máximas
que me tirem daqui
era o mínimo
que o ouviam dizer
calou-o a realidade
ignorada
o homem o trouxe
e o levou
o tempo calará
o mais

(torreira; 2016)
(meditação com moliceiros em fundo)

filho da mãe
durante muito tempo me interroguei do porquê de a expressão “filho da mãe”, ter um sentido depreciativo.
para mim, ser filho da mãe era tão natural como estar vivo, não há outra forma de ser.
mas o povo, o que nos põe na boca as expressões que usamos, sabe das palavras mais que as letras, vai-lhes ao sentir. era isso que me faltava: sentir.
hoje entendo perfeitamente o significado da expressão e a sua conotação depreciativa, entendo porque senti e sentir é a melhor forma de compreender.
espero que nunca sintam o sentido desta frase e que a digam de forma natural, como o fazem com outra qualquer:
FILHO DA MÃE!

(torreira; regata da ria; 2011)