à memória do arrais zé murta
maria murta
(torreira; 2007)
tempo de espera
memória_06052012
#fiqueemcasa
postais da ria (355)
os amigos de
torreira; jim; safar redes; 2019
sentava-me à mesa do café
lia poesia
os meus poetas à minha mesa
falavam-me
eu era jovem e o tempo imenso
sentava-me à mesa do café
sem urgências
as de agora com tanta fome
dos amigos de então
memória_05052012
à memória do arrais zé murta
torreira; 2007
quando as máquinas falham, homens e mulheres são as máquinas de sempre
josé gomes ferreira no dia mundial da língua portuguesa
no dia mundial da língua portuguesa
um poeta fundamental e tão esquecido
josé gomes ferreira
o “poema X” é parte do conjunto “Panfleto contra a paisagem” de 1936-1937, inserto no livro “Poesia I”
os moliceiros têm vela (405)
meditação sobre a palavra
cais do bico; cipriano brandão; 2006
o homem inventa
a ferramenta
que reinventa o homem
e a palavra
a palavra para denominar
a ferramenta
a ferramenta exigirá novas
ferramentas novas palavras
o poeta inventa a palavra
pelo prazer da música das letras
pela sonoridade pelo ritmo
pelo prazer de
as palavras do poeta
não nomeiam nada excepto
a si mesmas e são
as mais puras criações
do homem
cais do bico; cipriano brandão; 2006
“Não sei se o vento” de rui miguel fragas
do livro “Não sei se o vento” de rui miguel fragas
os moliceiros têm vela (404)
é um amigo
cais do bico; regata do emigrante; 2006
um homem caminha na ria
um amigo aqui agora
sempre
súbito tudo é memória
sei que nunca se regressa
sei que a memória
é a única forma de voltar
nada mais resta
nada mais
resta
um homem caminha na ria
é um amigo
cais do bico; regata do emigrante; 2006
“À memória de minha mãe”, leonora rosado
“À memória de minha Mãe”, (RAQUEL D’ANRIQUE – 30.11.1945 – 27.01.2007) de leonora rosado, é o primeiro poema do livro “HÁ TÉNUES SINAIS DE CRISTAL NOS ESPELHOS”
os moliceiros têm vela (403)
6 de agosto de 2006
cais do bico; regata do emigrante; 2006
dia de regata do emigrante no cais do bico, como era hábito a família almoçou na tenda/restaurante da junta de freguesia da murtosa, de cujo presidente os meus pais eram amigos, mas eu não – políticas …
em 2005 eu tinha começado a fotografar a companha do marco, que nascera nesse ano e que acompanhei até 2016. tinha sido arrais o cipriano, que deixou de o ser em 2006, para passar a ser o marco. mas isto é uma outra história.
o marco e o cipriano apareceram com um moliceiro na regata, de que não me lembro o nome, e quando o marco me viu a fotografar perguntou-me se não queria ir com eles. claro que sim. saltei para dentro do barco e comecei a fotografar. faltava ainda um camarada – cada barco tem direito a três camaradas.
quando o terceiro camarada chegou, já o barco estava para largar. então, do seu posto de controlo, o digníssimo presidente da junta de freguesia da murtosa grita para o marco:
– só podem ir três no barco e estão quatro
ao que o marco respondeu, o que era óbvio:
– mas o sr. cravo só vai para fotografar
– conta na mesma – disse quem de direito
apesar da calmaria, eu disse ao marco que saía do barco e que ele precisava era de um camarada e não de um fotógrafo. não senhor, vai connosco – foi a resposta. e fui.
passados poucos minutos da regata arrancar, levanta-se nortada, quem conhece a ria sabe como é, e …. máquina para dentro do castelo da proa e o camarada fotógrafo deixou de ser fotógrafo e não sabia ser camarada.
só me lembro, entre outras aventuras, de o barco dar um bordo e a água começar a entrar; havia dois escoadouros (vertedouros) a bordo, o cipriano pegou no grande e eu no pequeno. toca a escoar água. até que o cipriano escorregou e caiu de costas, e eu fiquei, por alguns minutos, a tentar escoar o barco – mas era mais a água que entrava que a que saía.
enfim, depois de muitas aventuras, o marco ferido, o barco também, acabámos por ficar com um honroso último lugar.
na hora da entrega das medalhas fui eu recebê-las em nome dos três. ao fim e ao cabo atendendo à minha longa experiência – reconhecida pelo senhor presidente da junta de freguesia – bem o merecia.
estes anos todos passados, o cipriano morreu, o presidente da junta já não é presidente, o marco é arrais e mestre na torreira e eu vivo na figueira da foz.
cais do bico; regata do emigrante; 2006
as mulheres em alitia photographia
Fotografe e fotografi che hanno indugiato con i loro sguardi sul tempo ed il mondo delle donne. Chi ha colto nei loro occhi il fascino che da generazioni gli artisti fissano sulle loro tele, chi ha valorizzato la gestualità le loro mani. Mani che comunicano e lavorano, declinano accompagnandole le emozioni o stendono il bucato, mani che accarezzano, abbracciano, sollevano, custodiscono, che sostengono il capo mentre riflettono, che in modo sensuale e spontaneo si accarezzano i capelli, mani curate di giovani donne, mani vissute di donne invecchiate con grazia, le mani delle bambine curiose che siamo state, mani e braccia che seguono lungo i fianchi viaggi proiettati verso il futuro, mani che disegnano orizzonti in cui inoltrarsi col cuore e l’anima. Troverete donne che volgono il capo verso il passato per capire quale futuro scolpire con le proprie scelte, scoprirete sguardi che vi penetreranno fino in fondo disarmandovi, gli occhi di chi sostiene lo sguardo del proprio futuro senza farsi frantumare dai riflessi del passato che incombono sulla storia quotidiana di tutte le donne in ogni parte del mondo. Fotografe e madri che hanno guardato negli occhi le proprie figlie per riconoscersi e riconoscere le promesse fatte durante la gravidanza alla vita che cresceva dentro di loro. Fotografe che viaggiano per conoscere le donne di altre culture, per ritrovare quell’umanità struggente da condividere con l’altro senza confini ne mura da superare. Fotografi che amano e rispettano le donne e le hanno ritratte e sublimate attraverso la loro fascinazione, fotografi che hanno scoperto durante i loro viaggi che lo sguardo femminile possiede la stessa magia ed intensità a nord e sud dell’Equatore. Quale scelta migliore di quella operata dagli autori e dalle autrici che in ALITIA condividono le loro esperienze di vita attraverso scatti capaci di restituire l’esistenza delle donne da loro conosciute, incontrate e descritte, ricordate, amate, pronte a superare ogni sfida con la pacatezza negli occhi, la passione nel movimento delle loro mani, la curiosità verso la vita che le anima e che loro custodiscono dentro se stesse? Alle fotografe ed ai fotografi che ci hanno restituito l’universo femminile nei loro scatti, grazie per aver mostrato la determinazione e la passione di conoscere i propri simili, di credere nella differenza di genere come un valore aggiunto pronto a farci evolvere, crescere insieme. Un incontro emozionante visivamente e non solo, capace di proseguire oltre l’immagine stessa, laddove il mondo delle donne e quello degli uomini si fonde nelle esperienze comuni di vita vissuta unendo sensibilità, forza, creatività, per sancire la propria consapevolezza di appartenere a se stessi e di voler conoscere l’altro. Nell’obiettivo fotografico un’energia potente ha raggiunto l’anima dei soggetti ritratti, ogni autore/autrice ha donato a donne di ogni età, luogo e cultura un’attenzione disarmante ed una curiosità appassionata. Messaggi contro la violenza sulle donne, l’auspicio e la promessa di custodire, proteggere, valorizzare il loro presente si trovano in questi scatti. Quale modo migliore per render loro onore di fonderli in un video, il mio modo di ringraziarli di esistere così come sono, uomini e donne capaci di fotografare l’anima delle donne e del mondo in cui vivono. Fino a quando le donne riceveranno tale sguardo non dovranno mai temere le lunghe ombre del passato e saranno pronte a farle scomparire dal proprio futuro. Paola P.
Paola P.
Thanks to authors:
Rosita Lusignani, Alessandro Grilli, Loris Goudel, Luigi Greco, Marina Tomasi, Lore Inofa, Marco Diulgheroff, Carlo Antonio Atzori, Rosaria D’Asia, Roberto Canziani, Toni Fidanza, Giuseppe Basile, Pino Giuseppe Barreca, António José Cravo, Peder Aresvik, Brigitte Feijen, Alessandro de Nardis, Francesco Congedo, Gianluca Moretto, Luciana Trappolino, Marca Barone, Maria Grazia Formichella, Gianni Visaggio, Fabry Cara, Dino Frattari, Zarrelli Saverio, Laura Domenichelli, Giorgio Amendolara, Andrea Lupo, Giro Alv, José Ramón Domínguez Carnero, Mimmo Disamistade, Olivier Monmart, Paolo Bellisai, Saturas M.
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