
rer
salgar o olhar
e dar-lhe o sabor
destes momentos

rer
(morraceira; 2016)

rer
salgar o olhar
e dar-lhe o sabor
destes momentos

rer
(morraceira; 2016)
porque hoje, no brasil, é dia
nacional da fotografia e do fotógrafo

o A. Rendeiro, com o ti zé rebeço ao leme e o manuel antão
para que se lembrem
ou acordem
os que podem querem e mandam
mas parece não saberem
que este pode ser
um dos motores do turismo temático
da ria
onde de novo
produzirá riqueza
assim o queiram
assim o saibam
assim o não ignorem
maltratem ou dele descuidem
para mim é dele o dia

(torreira; regata do s. paio; 2014)
notas de um retirante

joão manuel brandão e a cabrita alta
“Como Deus não pode alterar o passado, é obrigado a depender dos historiadores para o fazerem”
Afonso Cruz, em “MIL ANOS DE ESQUECIMENTO”
………………
vivografia e bibliografia
não, não há troca de bb por vv, são duas formas de descrever os dias.
na “vivografia” recolhem-se testemunhos, vivem-se os dias de quem ou daquilo sobre que se quer escrever. usam-se fontes “directas”.
consultando bibliotecas, textos escritos por outros, apresenta-se no fim do escrito a “bibliografia”. usam-se “fontes indirectas”.
o escrito passará mais tarde a bibliografia de outros, passará a ser fonte e …. se a fonte não reflectir o real?
exemplo:
bibliografia: “ A par da apanha legal de bivalves tem-se desenvolvido nos últimos anos a apanha ilegal dos mesmos, sem licença, potenciada pelas suas periódicas interdições por razões de saúde pública”
(escrito em 2016, já é passado em 2017)
vivografia: conhecendo a realidade da ria, podemos dizer o seguinte:
em 2012 e até 2014, houve uma proliferação extraordinária de ameijoa japónica na ria de aveiro. período que coincidiu com a crise. nestes anos um número anormalmente grande de ilegais invadiram a ria, a pé, mas a colheita foi perfeitamente marginal e sem significado, face à captura feita pelos pescadores profissionais e legalizados. em 2015 a japónica quase desapareceu.
a apanha em períodos de interdição, embora exista, continua a ser marginal, nos circuitos de apanha e comercialização.
o que é ilegal há muitos anos e, aí sim, temos valores significativos, é apanha de bivalves com artes ilegais.
não digo mais nada, porque toda a gente sabe do que falo ….. toda a gente que conhece a ria, digo eu.
por vezes, mais vale não dizer nada do que “querer tapar o sol com a peneira”.
(cabrita alta – arte legal; 2012)
palavras amarradas

quase ternura
está cheio o baú
de palavras por dizer
o silêncio são palavras
amarradas
(torreira; 2014)
saberes de sal

mãe e filho
a mesma arte
saberes dados
herdados
cultivados
saberes de sal
(morraceira; 2016)
é tempo de moliceiros

abílio fonseca (carteirista)
há gestos que dão vida
há silêncios que matam
há palavras que assassinam
há homens que se revelam
a cada instante
de uns fica a memória de terem sido
de outros a de serem para sempre
para o ti abílio mais que a palavra
o gesto o abraço o estar aqui
mesmo se retirado
em 2016
o ti abílio salvou-me o ano
que outros mataram
para ele 2017 é pequeno
o tempo todo não chega
é tempo de moliceiros
queiram ou não
será sempre

80 anos de fibra
(regata do s. paio; 2016)
às gentes da xávega

haja peixe certo no tempo certo
que 2017 traga às redes
o peixe o carapau a sardinha
que negou em 2016
no tempo certo
que nem todo o tempo o é
isso aprendi
por isso o desejo
a todos os que da xávega
fazeis vida
que os que ainda não vos respeitam
aprendam em 2017
que quando deixardes de ser
a sua terra perderá
muito mais de si
do que uma simples arte de pesca
perderá o futuro
porque deixou morrer
o passado
(torreira; 2015)