ahcravo
de “O FARDO DO HOMEM BRANCO” de madalena de castro campos

os poemas constantes deste vídeo fazem parte do livro “O FARDO DO HOMEM BRANCO”
(nota: este vídeo está classificado para “maiores de 18 anos”, pelo que só é visionável por quem tem canal no youtube [tem de iniciar sessão para o ver])
“HAVERÁ SEMPRE FLORES NAS ÁGUAS DESTE RIO”, leonora rosado
o carnaval é todos os dias

crónicas da xávega (283)
vou

falo do incerto
do por vir
todo o início é
teremos o tamanho
dos dias
que fizermos nossos
todo o caminho é
falo dos amigos
e a palavra fica por vezes
somente letras
incertos os dias
o por vir os amigos o caminho
incerto eu
na incerteza de tudo
se abrem os dias
por onde vou vou vou

(torreira; 2010)
crónicas da xávega (281)
se houver deus

como se um soldado
desconhecido
perdido nos areais da costa
estreita-se o horizonte
esfumam-se os tempos de fartura
caminha ainda
interrogo-me por quanto tempo
quando já não os houver
erguerão monumentos
escreverão histórias
venderão livros e obras bastas
quando bastava terem feito
tão pouco para que a história
fosse outra
não lhes perdoeis senhor
que quem manda
sempre perdoado é
(espinho; 2012)
os moliceiros têm vela (337)
dos “artistas”

são e não são
depende de
conheço alguns
não gosto deles

(torreira; s. paio; 2018)
crónicas da xávega (280)
dos sábios

o alar da manga do reçoeiro
o rigor das palavras
com que lavram o silêncio
desenham as perguntas
(torreira; 2016)
crónicas da xávega (279)
das árvores

o passar da pancada de mar
gosto das árvores
que se tornaram barcos
admiro os homens
que são árvores
dentro dos barcos
(torreira; 2010)
postais da ria (279)
do homem

a vara ainda e sempre
que dizer de ti
se és tantos
resistir dói
(torreira; 2018)