ahcravo gorm
crónicas da xávega (482)
postais da ria (394)
eternidade breve
o assassínio do futuro condena-me a conjugar os verbos no passado se os nomeio folhas secas juncam o chão dos dias inscrevem nomes na memória povoam o silêncio estar vivo é saber da morte dos outros ser a sua eternidade breve outra não há
torreira; regata bateiras à vela; são paio; 2013
a beleza do sal (122)
in memoriam luís cardoso
na salina do corredor da cobra (ecomuseu do sal) a alegria, o saber, o amor pelo sal, tinham um nome: luís cardoso.
bom conversador e conhecedor da história e das técnicas de fazer sal, era um excelente guia para quem visitava a salina.
partiu este ano e continua connosco. é esse o mistério da ausência presente, que pessoas como ele nos deixam.
abraço luís, salgado abraço
(este pequeno e mal amanhado registo, com uma nortada forte a perturbar o som, foi feito com o smartphone, em setembro de 2020, naquela que seria a última redura do ano.)
“A PORTUGAL” de jorge de sena
o poema “A PORTUGAL” faz parte do conjunto ” TEMPO DE FIDELIDADE” 1951-1958) inserto no livro “40 ANOS DE SERVIDÃO”
postais do arroz (12)
morreu otelo nuno romão saraiva de carvalho
muitos terão tido a ideia, alguns terão dado conteúdo ideológico, outros contribuído com a acção, mas só um tornou possível a concretização, através de um brilhante trabalho de planeamento e logística, otelo.
se o 25 de abril teve um herói e um líder foi otelo nuno romão saraiva de carvalho

otelo! nuno! romão! saraiva de carvalho! era este o poema musicado que corria pelas ruas brotava das bocas que o sonho alimentava no sonho que a memória não deixa morrer aos que não esquecem nunca deixarão de ser otelo! nuno! romão! saraiva de carvalho!
torreira, um outro olhar (16)
dizer o teu nome o nome de todas as coisas as coisas que cada nome encerra dizer tantas vezes a mesma palavra até que ela perca o sentido e a sua ligação com a representação dizer como é doloroso o parto das palavras que ainda não disse ou se disse como as escrevi dizer tanto em tão pouco ser imenso e ínfimo límpido e complexo dizer com palavras amo e escutá-las na boca do outro
torreira; 11/07/2021
os moliceiros têm vela (461)
regata da ria 2021 – uma viagem
entrados no canal de aveiro, com o norte por bombordo os moliceiros dão um ar da sua graça se importante, para quem concorre, é ganhar a regata, para quem gosta do BARCO MOLICEIRO o importante é que que haja MOLICEIROS para a fazer. e este ano já só foram sete os de classe A.
aveiro; 03/07/2021
“ O moliceiro já é património eleitoral!”
(artigo publicado no “Notícias de Aveiro” de 22 de julho de 2021)

No passado dia 15 de Junho iniciou-se o congresso da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), com a “apresentação da candidatura do Barco Moliceiro a Património Imaterial da UNESCO”.
Por António José Cravo *
Para os amantes do Barco Moliceiro e, num repente, a exclamação é de alegria e satisfação, acompanhada de um finalmente! Depois, pensando melhor, surgem as primeiras questões:
– Que Barco Moliceiro vai ser candidatado? O descrito nas obras consagradas de Ana Maria Lopes, D. José de Castro, Diamantino Dias, Jaime Vilar e Senos da Fonseca? O que veleja ainda em ria aberta?
– Nos canais de Aveiro circulam barcos, a que Diamantino Dias chamou de forma elegante turisteiros, que anunciam “Passeio em Barco Moliceiro Tradicional”.
(“Existem actualmente cerca de 50 barcos moliceiros numa região onde no início dos anos 70 seriam cerca de 3.000 barcos operacionais” – Turismo do Centro. Não cita o século nem a fonte, 3.000!!!!! – nunca em tempo algum. Compreendem a minha preocupação?)
Interessante neste processo é ser a candidatura do Barco Moliceiro apresentada na “Praia da Vagueira, no Espaço Museológico da Arte Xávega”. Faz sentido? E o Município da Murtosa, Pátria do Moliceiro? Aí sim, não seria o local certo para a apresentação? Um pequeno detalhe para aguçar a memória, no quadro comunitário 2007/2013, Ribau Esteves liderou a vertente desconcentrada PROMAR da Região de Aveiro e quando, na sessão pública de apresentação, lhe perguntei que fundos tinha destinado à xávega, a resposta foi: nenhuns. Esclarecedor?
Na publicação e-cultura, de 14 de Junho, do Centro Nacional de Cultura, dá-se nota do evento e escreve-se “Mais recentemente também foi conhecida a intenção das autarquias de Estarreja, Ovar e Murtosa, de candidatarem a arte de construção naval dos moliceiros a Património Cultural Imaterial da UNESCO”. Para a SIC, a candidatura do CIRA engloba também as artes de construção.
Na reportagem da apresentação, o consultor identifica na candidatura o Barco Moliceiro e a Carpintaria Naval da Região de Aveiro.
Enfim, problemas de comunicação.
Feita esta já um pouco longa apresentação, mas que levanta muitas questões, a minha pergunta é: porquê a candidatura à UNESCO – Património da Humanidade – sem, em primeiro lugar candidatar a Património Nacional e obter a classificação? Será que Humanidade vai reconhecer um património que o país não reconhece? O avô reconhece o neto que o pai ainda não reconheceu?
A este respeito pode ler-se no jornal Concelho da Murtosa, de 15 de Julho, em artigo não assinado “ …é ainda necessária a inscrição no Inventário Nacional do Património Imaterial, efectivamente o primeiro passo formal de uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade…”
No dia 26 de Janeiro de 2018, publiquei neste jornal um artigo intitulado “O moliceiro Património Nacional, quando?” (https://www.noticiasdeaveiro.pt/o-moliceiro-patrimonio-nacional-quando/). Aí coloquei muitas questões e listei as vantagens sobre o reconhecimento do moliceiro como Património Nacional, não vou por isso repetir-me mas queria deixar o link para a listagem actualizada Património Imaterial Nacional reconhecido oficialmente: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imaterial/inventario-nacional-do-pci/lista-do-inventario-nacional-do-patrimonio-cultural-imaterial/
Num momento em que o mundo vive na incerteza, esta candidatura é, como diz o povo, “fruta da época”. Certos são os 70.000 euros com que os fundos comunitários financiaram este projecto, não sei se há comparticipação nacional a adicionar, mas os 70.000 já é bom.
* https://ahcravo.com e https://www.youtube.com/user/ahcravo/







